3 de agosto de 2015

Resenha - One Man Guy

Cuidado, pode ter alguns Spoilers!!! Mas leia mesmo assim!
Livro: "One Man Guy"
Autor: Michael Barakiva
Editora: LeYa
ISBN: 9788544102503
Ano: 2015
Páginas: 272
Skoob: Livro
Estrelas: XXX

Sinopse: "Um romance sobre dois garotos, dois mundos e um encontro.
Ethan é tudo o que Alek gostaria de ser: confiante, livre e irreverente. Apesar de estudarem na mesma escola, os dois garotos pertencem a mundos diferentes. Enquanto Ethan é descolado e tem vários amigos, Alek tem apenas uma, Becky, e convive intensamente com sua família e a comunidade armênia.
Mesmo com tantas diferenças, os destinos de Ethan e Alek se cruzam ao precisarem frequentar um mesmo curso de férias. Quando Ethan convence Alek a matar aula e ir a um show de Rufus Wainwright no Central Park, em Nova York, Alek embarca em sua primeira aventura fora de sua existência no subúrbio de Nova Jersey e da proteção de sua família.
E ele não consegue acreditar que um cara tão legal quer ser seu amigo. Ou, talvez, mais do que isso.
One Man Guy é uma história romântica, comovente e engraçada sobre o que acontece quando as pessoas saem de suas zonas de conforto e ajudam o outro a ver o mundo (e a si mesmo) como nunca viram antes.
“Só sei que gosto de estar aqui com você e não consigo me imaginar querendo mais ninguém. Isso basta para você?”".


***

“- Perto de Remi, eu sentia que estava sempre tentando agir como se fosse bom o bastante. Mas, com você, não quero fingir nem me esconder. Foi por isso que não falei nada no refeitório naquele dia. Eu sabia que em cinco segundos começaria a chorar no sem ombro.
- É pra isso que ele serve, Ethan.
Alek se inclinou, segurou o rosto de Ethan e o beijou”.

Dificilmente eu tenho vontade de reler um livro - por mais que a história tenha me agradado demais. Mas esse livro... Esse livro, além de ter feito eu perder o ponto de ônibus em que eu tinha que descer, me fez ter vontade de relê-lo. Sabe quando o livro acaba e fica aquele vazio dentro de você? – Não, não é fome – Parece que você leria mais 250 páginas escritas pelo autor se tivesse.
Acreditem, eu nunca imaginei dizer isso, acho até que seja pecado, mas, Michael Barakiva se tornou meu autor favorito. Sim, ele está em primeiro lugar e infelizmente ganhou o lugar que era do David Levithan! (Desculpa David, eu te amo, mas agora, amo mais o Barakiva. Aceita que dói menos!)
Interessado em, principalmente, tentar fazer do mundo um lugar melhor por contar histórias convincentes e fazer comida irresistível, Michael Barakiva é diretor de teatro, escritor e também professor – de atores de Nova York interessados em estudos de cena - formado pela Vassar College e pela Julliard School. One Man Guy é seu primeiro romance e foi eleito pela Goodreads como o melhor livro LGBTQ de 2014. Sinceramente? Esse é o melhor livro que eu li esse ano até agora. E não estou mentindo.

“- E você sentiu alguma coisa do tipo “é isso”? Ou ouviu música e fogos de artificio explodirem e pensou “É assim que um beijo deve ser”?
- Foi como sorvete.
- Eu trabalhei no Dairy Queen. Acredite, não é como sorvete.
- Não, o que eu quero dizer é que é como se toda a minha vida eu tivesse tomado Frozen Yogurt. E beijar garotos é sorvete”.

Alek é armênio. Assim como toda a sua família (óbvio).
E quando eu digo isso, não estou falando apenas de sua origem. Alek e sua família vivem em uma imersão armênia mesmo morando no interior de Nova York. Comida, vestimentas, língua, religião, costumes, tradições... Tudo. Sua família é uma típica família da Armênia. Mas Alek, com seus 14 anos, não aguenta mais isso.
Sua mãe e suas neuras a respeito de estudos e comida. Seu irmão mais velho que é o garoto prodígio e mais amado pelos pais. Sua vida anti-social... Ele não aguenta mais esse nono ano.
Depois que sua mãe proibiu que ele se inscrevesse no grupo de tênis da escola, Alek meio que perdeu todos os seus amigos, seu foco agora não era ter amigos e sim continuar na classe especial de estudos. Apenas Beck continuava ao seu lado.
Finalmente as férias chegaram. Alek já tinha planos, ele iria para um acampamento de tênis e tentar ser feliz pelo menos durante duas semanas, já que o seu nono ano havia sido terrível. Mas todos os seus sonhos acabam quando sua mãe e seu pai contaram que, além de não ir para o acampamento nas férias, Alek passaria as férias todas na turma de recuperação da escola para poder recuperar sua nota ruim em álgebra – um C! Onde isso é ruim meu povo? – e poder continuar na turma especial. Mas não parou por ai! Ele também não iria viajar com a família para as Cataratas do Niágara. Pronto. Esse era o fim das suas férias.
Voltando da escola Alek decide parar na estação de trem que leva até a Cidade – Nova York – e observar o local, como sempre fazia. Ele gostava dali. A estação separava o bairro bom, onde ele morava, do bairro não tão bom assim da cidade. Mais à frente, um túnel cortava por dentro de um morro e ajudava nessa divisão. Já estava tudo ruim mesmo, não é? Então porque não ver o que tinha do outro lado? Ao atravessar, Alek se pegou em um estacionamento antigo, onde os chamados “Desistentes” – garotos dos anos finais que repetiram ou apenas eram desleixados e jogados – ficavam andando de skate em uma pista improvisada.
Resultado: um brutamontes chamado Jack veio tirar satisfação com ele, acabou o empurrando, Alek caiu e um anjo loiro, maravilhoso e bem vestido veio o salvar das garras daquele desistente gordo. Seu nome? Ethan.
Na semana seguinte, depois de correr do local sem nem agradecer o rapaz, Alek descobre que Ethan também estava de recuperação e que nesses três meses de aula ele se sentaria pertinho de Alek...

“-[...] Agora que beijei você, quero ser um homem leal do jeito que Rufus quer dizer. E sei que isso é novidade para você, que pode não querer assumir nenhum compromisso agora, mas é a única forma de eu conseguir embarcar nessa. Comigo, é tudo ou nada”.

Ah gente, eu não consigo falar sobre esse livro.
Eu li ele em praticamente em um dia. O autor nos mergulha em uma leitura que flui maravilhosamente, engraçada, com um contexto histórico, social e cultural – Armênia – muito forte, e o melhor: A simplicidade na descoberta do amor. É isso que faz o nosso olho brilhar.
Vamos começar com os pais. Meu deus, que vontade de colocar fogo na casa do Alek com os pais dele dentro. Sabe, você vai passar muita raiva, você vai odiar muito todos eles. Principalmente a mãe dele. Ela sabe como tirar qualquer um do sério com toda aquela bagagem cultural que ela tenta impor ao Alek. A situação com seu irmão é bem mais leve, mas ainda assim irritante. Ele tem 17, é um ‘puxa-saco’, metido a certinho. Um verdadeiro garoto armênio.
Alek parece viver em uma situação de amor e ódio com a sua família/história. Ele queria tanto que tudo fosse normal, sabe? Como qualquer família americana é, mas dá para perceber que ele conhece muito da sua cultura, e se orgulha disso. Não durante todo tempo, ás vezes chega a ser pesado demais certas coisas, mas ele gosta, é, querendo ou não, a história dele, da família dele, não tem muito como fugir.
As coisas mudam mesmo quando Ethan, antes da aula, logo cedinho, o encontra na estação de trem, o sequestra e leva para Nova York para assistir a um show do Rufus Wainwrite. Alek não tinha permissão para ir sozinho até nova York, mas quando vê, Ethan já havia segurado seu braço e o jogado para dentro do trem. Agora não tinha mais jeito, lá estavam os dois, com dez dólares cada, em um trem para a Cidade. Foi um dia perfeito, até que Ethan faz um comentário preconceituoso e Alek ficou ‘azedo’.
Depois de visitar o MET, eles decidem voltar e já no trem, escondidos no banheiro para não pagar a passagem, Alek descobre que Ethan não é preconceituoso e, para mim, é aí que a coisa começa a rolar. Eles se desentendem no dia seguinte e vendo que foi infantil, Alek decide se desculpar, mas como ele mesmo diz, se desculpar por se desculpar é muito fácil. Um pedido de desculpa com um presente é muito mais significativo, verdadeiro, mostra que você se importa a ponto de gastar tempo, dinheiro e atenção para isso... E então a história mais linda acontece. Assim, simples e sem muitas complicações. Um garoto de 14 e um de 17.
O final, na minha opinião, é a parte mais incrível do filme. Esqueça o ódio que você vai sentir dos pais dele e do irmão. No final, eles se mostram, se abrem de uma forma tão visceral que você vai querer ser adotado por eles.
Eu fico feliz em ter comprado esse livro, por mais caro que ele seja. Acho que nada me faria ficar tão feliz quanto eu estou como esse livro fez. Só estou triste por ter devorado o livro todo e não ter mais nada parecido ou escrito pelo mesmo autor para eu continuar.  Histórias boas, são histórias assim, que te puxam, que fazem você se sentir nos sapatos do personagem. Eu me vi em várias cenas do livro. Sofri com o Alek, dei risada e aplaudi os momentos de bravura dele.
Acho que você não encontrará um livro tão perfeito assim esse ano, então, não perca tempo. Leia.  Isso aqui é só um fragmento do livro. Eu não falei quase nada da Beck, nem da mudança de visual do Alek, nem da semana em que ele fica sozinho, nem das pegações quentes, nem da forma como Ethan olha para ele, nem das viagens para a Cidade... Nem do final, que é o final mais lindo que eu já li em um livro. Esqueçam John Green, Ali Cronin ou David Levithan. Michael Barakiva é o novo suprassumo da literatura YA! #CoraçõesEternos!
27/50

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