8 de setembro de 2014

Resenha - A Batalha dos Mortos

Cuidado, pode haver Spoilers!!!

Livro: "A Batalha dos Mortos"
Autor: Rodrigo de Oliveira
Editora: Faro Editorial
ISBN: 9788562409226
Ano: 2014
Páginas: 310
Skoob: Livro
Estrelas: 5

Sinopse: "Ano 2018. À passagem de um planeta próximo da órbita da Terra, o que era para ser um dia de festa... Pessoas do mundo inteiro prepararam-se para um espetáculo astronômico mas o evento se transforma num pesadelo. Um dia após à maior aproximação do planeta, um imenso calor sobrevêm e 2/3 de todas as pessoas do mundo transformam-se em zumbis. Em São José dos Campos, um grupo cria um centro de refugiados para milhares de pessoas... eles reuniram condições de sobrevivência com água, alimentos e criaram uma grande fortaleza. Agora dedicam-se a encontrar outros focos de resistência e ajudar peregrinos do grande apocalipse. Eles não sabem, mas essa pode ser a maior comunidade de vivos na face da terra. No entanto, próximo a eles, uma outra resistência - perversa e potente -, também cresce. Um grande Comando do Exército é tomado por criminosos do presidio de segurança máxima de Taubaté. Eles resistiram aos zumbis, escravizaram outros humanos e, fortemente armados, se tornam uma ameaça letal à comunidade vizinha. Uma batalha está para acontecer. Um cerco para salvar vidas. E em meio a isso, inúmeras histórias de pessoas vivendo em situações-limite, muito além da sua imaginação. Livro II da série mais original sobre Zumbis desde The Walking Dead!"

***

"- Não, eu não tenho esse direito. Mas ou as coisas são do meu jeito, ou eu abandono de uma vez por todas as decisões do condomínio. Para mim, chega, não sou obrigado a assistir outra serie de erros como essa. E todos vocês sabem que eu tenho razão. Sem mim vocês não conseguem manter aquela comunidade!"

O tempo continua passando, o refúgio criado por Ivan e Estela continua aumentando significativamente – tanto em questão de espaço, quanto em numero de habitantes. Hoje, o Condomínio Collinas, o centro de refugiados, se transformou em uma grande resistência com mais de 2.000 pessoas.
Nada parece aplacar a fome de carne dos Zumbis, e cada vez mais as esperanças de que um dia tudo volte ao “normal” diminui. Em Taubaté, mais precisamente em um Comando de Aviação do Exército, mais uma resistência ganha espaço. Mas se engana você que imaginou militares ou soldados cuidando dos civis desabrigados e amedrontados. Nessa resistência quem manda são os ex presidiários, que invadiram o local, tomaram para si e transformaram cada um dos civis inocentes e desabrigados, em escravos – até mesmo sexuais. Uma tirania, ditadura - ou seja lá como você desejar chamar esse tipo de centralização de poder – comandada por um ser repugnante, monstruoso e desumano. Emmanuel.
É exatamente deste local, que Isabel e mais 5 amigos estão tentando fugir. Todos sabem que, se forem pegos, as consequências serão duras, eles pagarão com a própria vida, mas viver naquele local, se tornou impossível. Era preferível a morte trazida dolorosamente pelos zumbis do que continuar vivendo naquela verdadeira prisão.
Mas Isabel tem truques na manga que nem mesmo Deus desconfiaria. Uma sobrevivente nata, uma guerreira, que mesmo após ter visto tudo o que viu, e ter passado pelos piores momentos de sua vida, ainda consegue forças para chegar em um local seguro e tranquilo. E é lógico que o destino acabaria a levando para lá. Para a resistência de São José dos Campos. Mal sabe ela, que o destino nada mais é que uma bolinha, na mão de uma criança, gordinha, bonitinha, cheia de dobrinhas. E acreditem, as reviravoltas, são inevitáveis.

"- EU QUERO FALAR COM ESSE DESGRAÇADO QUE VOCÊS CHAMAM DE IVAN! - Jezebel ordenou, com uma voz rasgada, estridente, metálica, carregada de fúria."

Antes de qualquer coisa, eu acho um grande pecado comparar essa série com o “The Walking Dead”. Ao contrário da série gringa, “As Crônicas dos Mortos” nos presenteia neste segundo volume com uma evolução gigante do enredo. Algo que realmente nos tira o ar. Nos deparamos dessa vez com uma “nova” personagem principal. Não que Ivan e Estela, e todo o grupo de São José dos Campos percam o ar da graça, mas em “A Batalha dos Mortos”, somos jogados em uma realidade diferente, e muito mais cruel de um mundo dominado pelos zumbis, mas que é aterrorizado por humanos. Taubaté acaba se tornando um pesadelo maior ainda do que se ver rodeado por zumbis.
E nesse contexto, Isabel ganha lugar. Sua história de vida passa a fazer nossa boca salivar, pedindo sempre por mais, e mais, e mais. Digo isso pois, é graças á ela, e a sua imã Gêmea, Jezebel, que a história nos surpreende do começo ao fim. Guardem isso, e ao começarem essa leitura, lembrem-se de que o segredo de tudo está nessas duas. Isso fará mais sentido depois que vocês lerem.
Após sofrer um acidente de carro com seu marido, Alex, Carla foi levada ao hospital já inconsciente, ela estava grávida de Jezebel, e com isso a gestação teve que ser interrompida e a retirada da criança acabou sendo uma questão de vida ou morte. No fim, descobriu-se que não havia apenas Jezebel, Carla estava grávida de gêmeas. Isabel e Jezebel. Por conta da demora, o quadro clínico das gemeas se agravou. Faltou oxigênio no cérebro, e ainda era impossível se dizer o que isso acarretaria na vida das gêmeas.
Conforme foram crescendo os problemas foram aumentando, e seu pai, Alex, acabou tendo que recorrer á um tipo de tratamento alternativo, experimental. E qual foi o Resultado? As gêmeas se tornaram famosas, no mundo todo...
Rodrigo de Oliveira, neste volume apresenta muita ação. Deixando de certo modo o drama, um tanto quanto normal nesse tipo de história, de lado e indo direto ao ponto. Novos personagens ganham vida, são apresentados de forma sutil e muito bem feita, nos fazendo não conseguir desgrudar do livro. A facilidade com que o autor sai de sua “zona de conforto” e se arrisca em criar algo um tanto quanto “distópico” em uma cidade aqui do lado, mostrando o lado escuro em que o ser humano pode se encontrar, é maravilhosa. Ele nos dá a esperança de que, sim, em meio a todo esse inferno que reina sobre a terra, ainda se pode haver esperanças, para que no fim, tudo isso seja massacrado por uma carreata de Urutus. Vale ressaltar que o tempero especial desse livro é, um leve e sutil toque de sobrenatural, que no inicio você diz, “ah, por que isso?”, mas no fim, você entende a sacada de mestre.
Levando em conta a situação em que o mundo caiu em um profundo apocalipse zumbi, eu posso dizer que, a explicação sobre o que essas pessoas ou “zumbis” são, e o que aconteceu com eles para que ficassem assim, foi a melhor que eu já vi. Na verdade foi a mais interessante e diferente. Prendeu de tal forma a minha atenção, que eu fui dar um “Google” e acabei acreditando, já que provas é o que mais temos a respeito desse assunto.
Acho que, não poderia ter me apaixonado mais ainda do que me apaixonei. Lógico que como leitor estou com uma raiva imensa do autor, afinal, onde já se viu terminar um livro dessa forma? Se preparem o ultimo capitulo é punk, assustador e um tanto quanto impossível, mas é maravilhoso. Eu até li duas vezes para ver se é verdade. E o pior é que é mesmo de verdade.
Como se já não bastasse ter matado muitos personagens, ainda teremos que esperar o próximo volume para ver o que realmente vai acontecer... Para quem não sabe, o nome do Terceiro é “A Senhora dos Mortos” e sim meus queridos, o nome já diz por si só.
Espero que estejam prontos para o thriller zumbi do ano, por que eu não estava, e ainda estou remoendo tudo que li até agora. Rodrigo, para bens pelo livro, ele está incrível! E, ah, pode me manar o 3º pelo face que eu não ligo não tá! Só não nos faça esperar mais um ano para o lançamento! Viraremos Zumbis dessa forma!

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