27 de julho de 2015

Resenha - Sejamos Todos Feministas

Cuidado, pode ter alguns Spoilers!!! Mas leia mesmo assim!
Livro: "Sejamos Todos Feministas"
Autor: Chimamanda Ngozi Adichie
Editora: Companhia das Letras
ISBN: 9788535925470
Ano: 2015
Páginas: 64
Skoob: Livro
Estrelas: 5

Sinopse: "Chimamanda Ngozi Adichie ainda se lembra exatamente do dia em que a chamaram de feminista pela primeira vez. Foi durante uma discussão com seu amigo de infância Okoloma. “Não era um elogio. Percebi pelo tom da voz dele; era como se dissesse: ‘Você apoia o terrorismo!’”. Apesar do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e começou a se intitular uma “feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os
homens”. Sejamos todos feministas é uma adaptação do discurso feito pela autora no TEDx Euston, que conta com mais de 1,5 milhão de visualizações e foi musicado por Beyoncé".


***

"Feminista: uma pessoa que acredita em igualdade social, política e econômica de gêneros”.

Essa semana eu tenho o prazer de trazer uma resenha um pouco diferente para vocês. Semana passada comprei o livro “Sejamos Todos Feministas”, da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, e confesso ficar feliz por saber que temos vozes como esta para trazer um pouco de sanidade a certos pontos da nossa sociedade.
Chimamanda nasceu em Abba, no estado de Anambra, Nigéria, no dia 15 de setembro de 1977 e é uma escritora nigeriana reconhecida como uma das mais importantes jovens autoras anglófonas, atraindo olhares para nova geração de leitores de literatura africana.
Quando completou dezenove anos, deixou a Nigéria e se mudou para os Estados Unidos. Depois de estudar na Universidade Drexel, na Filadélfia, Chimamanda se transferiu para a Universidade de Connecticut. Fez estudos de escrita criativa na Universidade Johns Hopkins de Baltimore, e mestrado de estudos africanos na Universidade Yale. Seu primeiro romance, Hibisco roxo, foi publicado em 2003. O segundo romance, Meio sol amarelo, foi assim chamado em homenagem à bandeira da Biafra, e trata de antes e durante a guerra de Biafra. Foi publicado pela editora Knopf/Anchor em 2006, e ganhou o Orange Prize para ficção em 2007.
Hoje, trataremos desse pequeno livro chamado Sejamos Todos Feministas. E eu lhe pergunto: Você é um feminista?

"Ensinamos nossas garotas a se diminuir, se tornar menores. Dizemos para as garotas: 'Você pode ter ambição, mas não muito. Você pode querer ser bem sucedida, mas não muito, pois do contrário, você vai amedrontar os homens'".

Esse pequeno livro, de apenas 64 páginas de estatura bem pequena, nada mais é que o discurso – uma versão modificada - feito por Chimamanda no TedxEuston, uma conferência anual com o foco na África. E por que não falar sobre o feminismo?
Adichie mostra um lado um tanto quanto ‘arcaico’ da humanidade, principalmente em sua terra natal, onde o machismo é algo que, infelizmente, ainda predomina. As tradições de que o homem é o provedor, e merece respeito, e posições altas por ser mais forte (fisicamente)... Enquanto a mulher, submissa, tem que respeitar, fazer comida, manter a casa arrumada... Convenções sociais vindas de uma época onde quem comandava era o mais forte, geneticamente falando, o homem. Mas, e hoje? Quem comanda um pais, uma cidade, um estado, é o mais forte ou o mais inteligente?
Chimamanda nos surpreende com cenas cotidianas que para muitos são comuns – em sua terra – mas que para ela não passa de tradições que já passaram da hora de acabar. Como por exemplo, o garçom cumprimentar apenas o homem e não a mulher – mesmo quando ganha gorjeta de uma mulher ele ainda assim agradece ao homem, por achar que o dinheiro veio dele. Ou até mesmo ser barrada em um hotel local, enquanto o porteiro faz mil perguntas e pede para mostrar a chave do quarto, achando que, só por se tratar de um hotel ‘bom’, uma mulher não teria o porquê entrar sozinha, a não ser que seja uma prostituta. Pois apenas os homens têm dinheiro para pagar hotéis como aquele. Um homem não seria incomodado dessa forma.
Esses são os menores. Ainda não falamos de criação, das diferenças entre criar um garoto e uma garota. A virgindade feminina é tratada como algo a se orgulhar, assim como a falta dela é tratada como orgulho para os homens. Mas porquê? Não é necessário que duas pessoas transem? A equação não pede um x e um y? Porque os valores são diferentes? Não somos todos iguais?
É incrível o que um livrinho tão pequeno, tão simples, impregnado de causos engraçados – mas tristes ao mesmo tempo – pode fazer com a sua concepção de mundo.
“Rafael, quem é essa mulher? Não conheço ela!”... Conhece sim, meu querido!  24 de agosto de 2014 foi a data em que a voz de Chimamanda foi ouvida por 8,7 milhões de espectadores, graças a apresentação da cantora Beyoncé na premiação musical Video Music Awards. No palco, uma esteira movimentava uma fila de mulheres enquanto Adichie falava para todo o mundo. A esteira, se referindo a mulher como um mero produto da sociedade, feito em grande escala. Ao fim do verso narrado, Beyoncé aparece sozinha nesta mesma esteira com a palavra “Feminista” estampada no telão. Lembrou-se?
Em 2013, de uma forma totalmente diferente e repentina, Beyoncé lançou da noite para o dia – literalmente – seu 5º álbum, levando seu nome como título, e apresentando um estilo de música mais envolvente, pesado e perfeccionista. Singles como “***Flawless”, “Mine”, “Super Power”, “Partition”, “Grow Womam” e tantos outros terminaram de lapidar aquilo que ela vinha produzindo há anos. O poder feminino presente em cada uma de suas canções. Deste CD monumental e estrondoroso, “***Flawless” ganhou a boca das pessoas. Um hino de igualdade social, política e econômica para os gêneros.
Essa igualdade comentada na letra da música é diferente da figura da mulher acima do homem, ou de um arquétipo onde a menina deva ser conservadora. Igualdade, para o bem e para o mal. Uma mensagem redigida por uma mulher perfeita, cantada agressivamente sobre uma batida um tanto quanto dançante, não precisando se conter no uso de palavrões e gírias e trazendo consigo um texto maravilhoso discursado por um exemplo de força feminina, Chimamanda.
Um livro indispensável para você que diz gostar de ler. Não é questão de gênero textual, ou estilo de escrita. É informação. É veracidade. Se tiverem a oportunidade, leiam. E, só para concluir, se te perguntarem, sim, você é um feminista – lógico, isso se você acreditar na igualdade de gêneros! Se não acreditar, de verdade, não sei porque perdeu tempo lendo essa resenha de um feminista!!! 
26/50

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