“Eu dispunha de 117 dias para convencer Will Traynor de que
ele tinha motivos para viver”.
Essa semana eu trouxe para vocês uma resenha de
um livro que estava na minha lista de “Não quero ler porque é modinha”... Livro
esse que me surpreendeu de uma forma que, Jesus Cristo! O que vai ser da minha
vida depois dele?
Bom, antes de mais nada, vamos falar um pouco da
autora. Pauline Sara Jo Moyes, ou como é mais conhecida, Jojo Moyes, tem quase
47 anos e é uma jornalista inglesa. Ela estudou na Royal Holloway, University
of London e Bedford New College. Em 1992 ganhou uma bolsa financiada pelo The
Independent para fazer sua pós-graduação em jornalismo. Trabalhou por 10 anos neste
jornal, exercendo vários papeis na empresa. Foi assistente de editor, artes e
mídia e até mesmo correspondente do jornal. Moyes já ganhou duas vexes o prêmio
de romancista do ano pela Associação de Escritores Românticos e seus livros já
foram traduzidos em onze línguas diferentes.
Ela ganhou o primeiro prêmio em 2004 por “Fruit
Foreign” e em 2011 por “The Last Letter From Your Lover”. Hoje, Moyes vive em
uma fazenda em Saffron Walden , Essex, com o marido, o jornalista Charles
Arthur, e seus três filhos.
“- Sabe, você só pode ajudar alguém que aceita ajuda – disse
ela.
E então ela se foi”.
Louisa tinha 26 anos, trabalhava em uma
lanchonete no caminho para o castelo – um ponto turístico famosíssimo de sua
pequena e fria cidade – e ainda morava com seus pais. Ela gostava da sua vida
daquela forma. Gostava de seu trabalho, do seu patrão e de sua rotina. Sabia
que sua família sempre passava por problemas financeiros então manter aquele
trabalho era imprescindível.
As coisas complicaram um pouco quando a
lanchonete fechou. O castelo agora teria uma lanchonete própria e um familiar
do dono do local estava ruim e ele iria se mudar. Louisa agora não tinha mais
aquele emprego que havia conseguido há seis anos, depois de apostar com sua
irmã que conseguiria ir até o dono do local e perguntar se ele estava
contratando.
Seu namorado, viciado em exercícios físicos, a
incentivou a ir ao centro da cidade e procurar por um trabalho novo, no Centro
de Trabalho. As coisas em sua casa estavam difíceis, sua irmã mais nova não
ganhava muito na floricultura em que trabalhava – seu salário mal dava para
sustentar seu filho pequeno – e o pai de Louisa corria o risco de ser demitido
a qualquer momento, já que a empresa de moveis em que trabalhava, ao que tudo
indicava, seria vendida e haveriam cortes.
Entre uma lista de tentativas que não deram
muito certo, Louisa se rendeu e aceitou uma vaga que apareceu para ser
cuidadora de um deficiente. Limpar a bunda de um velho, de longe, não era seu
sonho para a vida, mas ela definitivamente não poderia ficar escolhendo.
Incrivelmente ela conseguiu passar na
entrevista. Mesmo sem nenhuma experiência, nem estudo na área, Lou conseguiu o
emprego que paga bem mais que um salario mínimo. O contrato tinha a duração de
seis meses e ela ganharia nove libras por horas de trabalho... E o melhor, não
teria que limpar a bunda de ninguém, seria apenas a acompanhante, fazendo
companhia, ajudando nas refeições e organizando a casa em que o deficiente
morava.
Lou passaria a cuidar de Will, um homem de 35
anos, bonito, que parecia ter sido um belo de um garanhão quando mais jovem,
mas que estava preso a uma cadeira de rodas há dois anos. Tetraplégico.
Mal sabia acoitada da garota que, seu papel era
muito maior que uma simples acompanhante. Além de aguentar o humor instável e
ácido de Will Traynor, Lou também descobriria mais para frente que seu prazo
era curto e que havia uma vida em jogo. Seis meses e nada mais, era o tempo que
Lou tinha para ajudar Will a perceber que ainda existia razão em viver.
“Eu estava tão furiosa porque tudo ao meu redor podia se
mexer e se curvar e crescer e se reproduzir, e meu filho – meu filho cheio de
vida, carismático e lindo – era aquela coisa. Imóvel, murcho, ensanguentado,
sofrendo. A beleza do mundo parecia uma obscenidade”.
Meu Deus do céu. Onde eu estava que só fui ler
esse livro agora?
Ainda por cima, só por conta de uma indicação e
de um empréstimo – Aline, não tenho palavras para dizer o quanto sou grato!.
Já havia visto o trailer e disse, “Ok, parece
legal e tals”, mas não me senti na obrigação de ler. Quando minha amiga me
intimou e me emprestou o livro e eu vi que ele era razoavelmente grande, com
letras bem pequenas, eu falei “Ok, essa leitura vai demorar”.
Acredite, li o livro em dois três. Na primeira
pegada que dei para ler, eu engoli 60 páginas. No segundo dia cheguei até a
página 200... No terceiro dia não aguentei e li tudo, sem parar.
Jojo Moyes tem uma escrita maravilhosa, simples
mas completa, extensa mas rápida. De inicio o tamanho da letra e os parágrafos podem
até te assustar, mas depois de entender o que esta acontecendo – lá pela página
50 -, esquece, você vai ser fisgado de uma forma incrível.
Passamos a acompanhar a corrida contra o tempo
de Lou, que agora tenta desesperadamente mostrar a Will que mesmo apesar dos
pesares, a vida ainda pode ter sentido. Will combinou com seus pais que, em
seis meses ele queria ser levado para uma clínica na Suíça, onde é autorizado o
suicídio, ou morte, assistido. Ele não via mais razão para viver. Tudo o que
sempre planejou, fez e presenciou, não poderia mais acontecer ou voltar e uma
vida preso a uma cadeira, com previsões pessimistas dos médicos em relação a
sua saúde, era demais para ele.
Lou realmente tenta fazer de tudo para trazer um
pouco de animo para a vida dele. Chega até a comprar um calendário gigante e
prende na porta de seu quarto, marcando os dias até o final do contrato – dia em
que Will se mataria conscientemente -, anotando todas as tentativas de reviver
o animo nele.
Esse é o tipo de trama que não tem nada de ação
ou loucuras ou coisas loucas. São os detalhes, os pequenos atos e sentimentos
que regram a história com uma aura indescritível e conquistam o leitor. A forma
como Lou evolui, aprende, cresce como pessoa. A forma como Will evolui no seu
estado psicológico e emocional, assim que Lou aparece em sua vida com suas
roupas loucas e combinações exóticas. O jeito como a história nos faz acreditar
que tudo dará certo... Meu deus. Que livro.
Eu me segurei o livro todo, fui firme e másculo
durante toda a leitura, mas a partir do momento em que a Lou desaba durante o
jantar, eu comecei a chorar e não parei mais. Fora as 10 páginas mais demoradas
da história. Era uma maratona entre limpar os olhos, o nariz, respirar e voltar
a ler, para depois de um minuto começar tudo de novo.
A autora acertou em outro ponto também. Incluiu
no meio do livro capítulos com a perspectiva de outros personagens. Para mim
isso é sempre um erro, uma cartada errada que faz o leitor perder o timing da
leitura, mas nesse caso ela acertou. Não era algo cansativo nem extenso, foram
se não me engano, 4 capítulos, de três ou quarto folhas cada, com a visão de 4
personagens diferente, só para mostrar o que estava acontecendo com outros
olhos, ou explicar algo que aconteceu.
Tem tanta coisa intrincada nessa história, por trás
de tudo que acontece. Passado, presente e futuro. É tão lindo ler esse tipo de
história. Faz você olha para você e para o seu presente e futuro com outros
olhos. E se fosse eu? Eu ia querer ir para a bendita Dignitas e acabar,
assistidamente, com a minha vida? Eu escolheria deixar tudo de lado, todos, e
acabar com o meu sofrimento? E os outros? E a minha família,. Amigos e etc? Meu
sofrimento seria maior que o deles?
São assuntos tão agridoces e pesarosos, mas são
pertinentes e importantes. O final do livro não é tãooo feliz, eu mesmo odiei
algumas parte, me senti triste quando a Lou disse que amava o Will SPOILER e
ele disse que mesmo assim não havia nada que o fizesse ficar, nem mesmo ela...
Sabe, doeu. Mas eu não poderia ter amado mais esse livro.
Sem dúvidas, a minha melhor leitura do ano.
25/55