28 de novembro de 2016

Resenha - Cartas de amor aos mortos

Cuidado, pode ter alguns Spoilers!!! Mas leia mesmo assim!
Livro: Cartas de amor aos mortos
Autor: Ava Dellaira
Editora: Seguinte
ISBN:  9788565765411
Ano: 2014
Páginas: 344
Skoob: Livro
Estrelas: 4

Sinopse: "Tudo começa com uma tarefa para a escola: escrever uma carta para alguém que já morreu. Logo o caderno de Laurel está repleto de mensagens para Kurt Cobain, Janis Joplin, Amy Winehouse, Heath Ledger, Judy Garland, Elizabeth Bishop… apesar de ela jamais entregá-las à professora. Nessas cartas, ela analisa a história de cada uma dessas personalidades e tenta desvendar os mistérios que envolvem suas mortes. Ao mesmo tempo, conta sobre sua própria vida, como as amizades no novo colégio e seu primeiro amor: um garoto misterioso chamado Sky. Mas Laurel não pode escapar de seu passado. Só quando ela escrever a verdade sobre o que se passou com ela e com a irmã é que poderá aceitar o que aconteceu e perdoar May e a si mesma. E só quando enxergar a irmã como realmente era — encantadora e incrível, mas imperfeita como qualquer um — é que poderá seguir em frente e descobrir seu próprio caminho".

***

“- Sabe , acho que, quando você perde alguma coisa próxima, é como perder a si mesmo. É por isso que, no final, até escrever é difícil pra ela. Ela quase não sabe como fazer. Porque não sabe mais quem ela é”.

Sobre a autora
Ava Dellaira é graduada pela Universidade de Chicago e mestre pela “Iowa Writers Workshop”. Ela cresceu em Albuquerque, no Novo México, onde passou incontáveis tardes de verão fazendo poções mágicas, lutando contra bruxas más e se divertindo com outras brincadeiras inventadas, que provavelmente contribuíram para que se tornasse uma contadora de histórias. Atualmente vive em Santa Mônica, na Califórnia, onde trabalha na indústria cinematográfica e escreve seu segundo romance.

“- Sabe, docinho, existem duas coisas importantes no mundo: estar em perigo e ser salvo.
Pensei em May por um instante. E perguntei:
- Você acha que corremos perigo de propósito, para sermos salvos?
- Sim, ás vezes. Mas ás vezes o lobo desce da montanha, sem que você tenha pedido. Você só estava tentando cochilar no sopé da colina”.

Sobre o livro
Por conta de uma atividade da aula de literatura, em sua nova  escola, Laurel começa a escrever cartas para pessoas que já morreram. Não presidentes ou grandes personalidades históricas. Laurel escreve para famosos como Amy Winehouse, Kurt Cobain e Judy Garland e outros. Mas ela não entregou a atividade. Ela fez, mas eram tão pessoais que acho melhor não dividir com a professora. Ela continuou escrevendo sempre, sem parar. Esse agora era o escape que Laurel tinha para sua nova vida.
Depois da morte de May, sua irmã mais velha, Laurel mudou de escola e passou a morar uma semana na casa do seu pai e uma semana na casa de sua tia. Sua mãe, poucos meses após o acidente, mudou-se para a Califórnia, com a desculpa de “fazer um retiro para superar o ocorrido”. Mas Laurel sabia que sua mãe a culpava pela morte de May. Se pelo menos ela tivesse contado o que havia acontecido naquela noite, no trilho sobre o rio... Mas ela não conseguia contar, era perigoso e isso podia fazer com que todos odiassem Laurel.
Agora, em uma nova escola, Laurel tenta recomeçar. Fazer novas amigas, deixar o ´passado para o passado e seguir em frente. Mal sabe ela que, para se seguir adiante, é preciso resolver os conflitos do passado.

“- Sabe porque se apaixonar é o que pode acontecer de mais profundo com uma pessoa? Porque quando estamos apaixonados, estamos totalmente em perigo e completamente a salvos, os dói ao mesmo tempo”.

Sobre o que esperar
Como sempre, eu deixo de ler os livros mais incríveis e acabo me apaixonando anos depois de terem lançado. Entrei nesta leitura em especial com um pouco de receio, afinal, o que esperar de um livro só com cartas? Não sabia se seriam avulsas, qual seria o tema, nem para quem seriam. Mas quando comecei a ler, entendi a premissa.
As cartas, escritas em seqüência, para cantores e atores famosos que já faleceram, foi a forma que Laurel encontrou de registrar sua vida após a morte de May. Ela conta seu dia, o que aconteceu, além de nos dar flashs da sua vida antiga, quando May ainda estava presente. Além disso, ela também compara as histórias de vida e morte dos famosos para quem escreve, com fatos de sua vida.
Ava Dellaira realmente acertou nesse livro. A escrita é bem corrida e o clímax de “meu deus, o que aconteceu?” da um ritmo especial ao enredo. Essa na verdade é  premissa do livro. Descobrir o que aconteceu e ver Laurel se libertar logo desse sofrimento e dessa angustia – e culpa né!
A autora nos mostra uma Laurel reclusa, tristonha, que se culpa, a todo momento pela morte de May. Uma Laurel largada pela mãe, que não tira de sua cabeça que a culpa da morte da irmã é totalmente dela. Ela se mostra bem apegada a May, querendo ser como ela, agir como ela, pensar como ela, e demora muito para que haja uma real libertação desse estado de espírito.
Eu gostei muito dessa leitura porque, de verdade, ela é linda. As conversas, as citações, as cenas. Ava nos presenteia com um livro muito, muito bonito. Ela poderia perder facilmente o fio da meada, fazer tanto suspense sobre a morte de May, que no final, seria uma coisa boba, sem graça. Mas ela acerta. Nos surpreende com os ocorridos e não entrega tudo de bandeja. O esclarecimento dos fatos é longo e entrecortado. Vemos uma maré de coisas boas acontecerem para só depois sermos agraciados com o desfecho: Uma Laurel livre de culpa e mais sorridente – e não uma Laurel que queria ser como May.
Você entra na leitura achando que ela havia matado May por inveja, por querer ser como ela. Para ser um “fada”. Mas daí, no fim, você termina o livro chorando e imaginando como você pode pensar tão mal assim dela.
Um livro maravilhoso, acreditem.
47/55

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