Cuidado, pode ter alguns Spoilers!!! Mas leia mesmo assim!
Livro: Cartas de amor aos mortos
Autor: Ava Dellaira
Editora: Seguinte
ISBN: 9788565765411
Ano: 2014
Páginas: 344
Skoob: Livro
Estrelas: 4
Sinopse: "Tudo começa com uma tarefa para a escola: escrever uma carta para alguém que já morreu. Logo o caderno de Laurel está repleto de mensagens para Kurt Cobain, Janis Joplin, Amy Winehouse, Heath Ledger, Judy Garland, Elizabeth Bishop… apesar de ela jamais entregá-las à professora. Nessas cartas, ela analisa a história de cada uma dessas personalidades e tenta desvendar os mistérios que envolvem suas mortes. Ao mesmo tempo, conta sobre sua própria vida, como as amizades no novo colégio e seu primeiro amor: um garoto misterioso chamado Sky. Mas Laurel não pode escapar de seu passado. Só quando ela escrever a verdade sobre o que se passou com ela e com a irmã é que poderá aceitar o que aconteceu e perdoar May e a si mesma. E só quando enxergar a irmã como realmente era — encantadora e incrível, mas imperfeita como qualquer um — é que poderá seguir em frente e descobrir seu próprio caminho".
***
“- Sabe , acho que, quando você perde alguma coisa
próxima, é como perder a si mesmo. É por isso que, no final, até escrever é
difícil pra ela. Ela quase não sabe como fazer. Porque não sabe mais quem ela
é”.
Sobre a autora
Ava Dellaira é graduada pela Universidade de Chicago
e mestre pela “Iowa Writers Workshop”. Ela cresceu em Albuquerque, no Novo
México, onde passou incontáveis tardes de verão fazendo poções mágicas, lutando
contra bruxas más e se divertindo com outras brincadeiras inventadas, que provavelmente
contribuíram para que se tornasse uma contadora de histórias. Atualmente vive
em Santa Mônica, na Califórnia, onde trabalha na indústria cinematográfica e
escreve seu segundo romance.
“- Sabe, docinho, existem duas coisas importantes no
mundo: estar em perigo e ser salvo.
Pensei em May por um instante. E perguntei:
- Você acha que corremos perigo de propósito, para
sermos salvos?
- Sim, ás vezes. Mas ás vezes o lobo desce da
montanha, sem que você tenha pedido. Você só estava tentando cochilar no sopé
da colina”.
Sobre o livro
Por conta de uma atividade da aula de literatura,
em sua nova escola, Laurel começa a
escrever cartas para pessoas que já morreram. Não presidentes ou grandes
personalidades históricas. Laurel escreve para famosos como Amy Winehouse, Kurt
Cobain e Judy Garland e outros. Mas ela não entregou a atividade. Ela fez, mas
eram tão pessoais que acho melhor não dividir com a professora. Ela continuou
escrevendo sempre, sem parar. Esse agora era o escape que Laurel tinha para sua
nova vida.
Depois da morte de May, sua irmã mais velha, Laurel
mudou de escola e passou a morar uma semana na casa do seu pai e uma semana na
casa de sua tia. Sua mãe, poucos meses após o acidente, mudou-se para a
Califórnia, com a desculpa de “fazer um retiro para superar o ocorrido”. Mas
Laurel sabia que sua mãe a culpava pela morte de May. Se pelo menos ela tivesse
contado o que havia acontecido naquela noite, no trilho sobre o rio... Mas ela
não conseguia contar, era perigoso e isso podia fazer com que todos odiassem
Laurel.
Agora, em uma nova escola, Laurel tenta recomeçar.
Fazer novas amigas, deixar o ´passado para o passado e seguir em frente. Mal
sabe ela que, para se seguir adiante, é preciso resolver os conflitos do
passado.
“- Sabe porque se apaixonar é o que pode acontecer
de mais profundo com uma pessoa? Porque quando estamos apaixonados, estamos
totalmente em perigo e completamente a salvos, os dói ao mesmo tempo”.
Sobre o que esperar
Como sempre, eu deixo de ler os livros mais
incríveis e acabo me apaixonando anos depois de terem lançado. Entrei nesta
leitura em especial com um pouco de receio, afinal, o que esperar de um livro
só com cartas? Não sabia se seriam avulsas, qual seria o tema, nem para quem
seriam. Mas quando comecei a ler, entendi a premissa.
As cartas, escritas em seqüência, para cantores e
atores famosos que já faleceram, foi a forma que Laurel encontrou de registrar
sua vida após a morte de May. Ela conta seu dia, o que aconteceu, além de nos
dar flashs da sua vida antiga, quando May ainda estava presente. Além disso,
ela também compara as histórias de vida e morte dos famosos para quem escreve,
com fatos de sua vida.
Ava Dellaira realmente acertou nesse livro. A
escrita é bem corrida e o clímax de “meu deus, o que aconteceu?” da um ritmo especial ao enredo. Essa na
verdade é premissa do livro. Descobrir
o que aconteceu e ver Laurel se libertar logo desse sofrimento e dessa angustia
– e culpa né!
A autora nos mostra uma Laurel reclusa, tristonha,
que se culpa, a todo momento pela morte de May. Uma Laurel largada pela mãe,
que não tira de sua cabeça que a culpa da morte da irmã é totalmente dela. Ela
se mostra bem apegada a May, querendo ser como ela, agir como ela, pensar como
ela, e demora muito para que haja uma real libertação desse estado de espírito.
Eu gostei muito dessa leitura porque, de verdade,
ela é linda. As conversas, as citações, as cenas. Ava nos presenteia com um
livro muito, muito bonito. Ela poderia perder facilmente o fio da meada, fazer
tanto suspense sobre a morte de May, que no final, seria uma coisa boba, sem
graça. Mas ela acerta. Nos surpreende com os ocorridos e não entrega tudo de
bandeja. O esclarecimento dos fatos é longo e entrecortado. Vemos uma maré de
coisas boas acontecerem para só depois sermos agraciados com o desfecho: Uma Laurel
livre de culpa e mais sorridente – e não uma Laurel que queria ser como May.
Você entra na leitura achando que ela havia matado
May por inveja, por querer ser como ela. Para ser um “fada”. Mas daí, no fim,
você termina o livro chorando e imaginando como você pode pensar tão mal assim
dela.
Um livro maravilhoso, acreditem.
47/55