27 de junho de 2016

Resenha - Como eu era antes de você

Cuidado, pode ter alguns Spoilers!!! Mas leia mesmo assim!
Livro: "Como eu era antes de você"
Autor: Jojo Moyes
Editora: Intrínseca
ISBN: 9788580573299
Ano: 2013
Páginas: 320
Skoob: Livro
Estrelas: 5

Sinopse: "Aos 26 anos, Louisa Clark não tem muitas ambições. Ela mora com os pais, a irmã mãe solteira, o sobrinho pequeno e um avô que precisa de cuidados constantes desde que sofreu um derrame. Sua vidinha ainda inclui o trabalho como garçonete num café de sua pequena cidade - um emprego que não paga muito, mas ajuda com as despesas - e o namoro com Patrick, um triatleta que não parece muito interessado nela. Não que ela se importe.
Quando o café fecha as portas, Lou é obrigada a procurar outro emprego. Sem muitas qualificações, consegue trabalho como cuidadora de um tetraplégico. Will Traynor tem 35 anos, é inteligente, rico e mal-humorado. Preso a uma cadeira de rodas depois de ter sido atropelado por uma moto, o antes ativo e esportivo Will agora desconta toda a sua amargura em quem estiver por perto. Sua vida parece sem sentido e dolorosa demais para ser levada adiante. Obstinado, ele planeja com cuidado uma forma de acabar com esse sofrimento. Só não esperava que Lou aparecesse e se empenhasse tanto para convencê-lo do contrário.
Uma comovente história sobre amor e família, Como eu era antes de você mostra, acima de tudo, a coragem e o esforço necessários para retomar a vida quando tudo parece acabado".



***

“Eu dispunha de 117 dias para convencer Will Traynor de que ele tinha motivos para viver”.

Essa semana eu trouxe para vocês uma resenha de um livro que estava na minha lista de “Não quero ler porque é modinha”... Livro esse que me surpreendeu de uma forma que, Jesus Cristo! O que vai ser da minha vida depois dele?
Bom, antes de mais nada, vamos falar um pouco da autora. Pauline Sara Jo Moyes, ou como é mais conhecida, Jojo Moyes, tem quase 47 anos e é uma jornalista inglesa. Ela estudou na Royal Holloway, University of London e Bedford New College. Em 1992 ganhou uma bolsa financiada pelo The Independent para fazer sua pós-graduação em jornalismo. Trabalhou por 10 anos neste jornal, exercendo vários papeis na empresa. Foi assistente de editor, artes e mídia e até mesmo correspondente do jornal. Moyes já ganhou duas vexes o prêmio de romancista do ano pela Associação de Escritores Românticos e seus livros já foram traduzidos em onze línguas diferentes.
Ela ganhou o primeiro prêmio em 2004 por “Fruit Foreign” e em 2011 por “The Last Letter From Your Lover”. Hoje, Moyes vive em uma fazenda em Saffron Walden , Essex, com o marido, o jornalista Charles Arthur, e seus três filhos.

“- Sabe, você só pode ajudar alguém que aceita ajuda – disse ela.
E então ela se foi”.

Louisa tinha 26 anos, trabalhava em uma lanchonete no caminho para o castelo – um ponto turístico famosíssimo de sua pequena e fria cidade – e ainda morava com seus pais. Ela gostava da sua vida daquela forma. Gostava de seu trabalho, do seu patrão e de sua rotina. Sabia que sua família sempre passava por problemas financeiros então manter aquele trabalho era imprescindível.
As coisas complicaram um pouco quando a lanchonete fechou. O castelo agora teria uma lanchonete própria e um familiar do dono do local estava ruim e ele iria se mudar. Louisa agora não tinha mais aquele emprego que havia conseguido há seis anos, depois de apostar com sua irmã que conseguiria ir até o dono do local e perguntar se ele estava contratando.
Seu namorado, viciado em exercícios físicos, a incentivou a ir ao centro da cidade e procurar por um trabalho novo, no Centro de Trabalho. As coisas em sua casa estavam difíceis, sua irmã mais nova não ganhava muito na floricultura em que trabalhava – seu salário mal dava para sustentar seu filho pequeno – e o pai de Louisa corria o risco de ser demitido a qualquer momento, já que a empresa de moveis em que trabalhava, ao que tudo indicava, seria vendida e haveriam cortes.
Entre uma lista de tentativas que não deram muito certo, Louisa se rendeu e aceitou uma vaga que apareceu para ser cuidadora de um deficiente. Limpar a bunda de um velho, de longe, não era seu sonho para a vida, mas ela definitivamente não poderia ficar escolhendo.
Incrivelmente ela conseguiu passar na entrevista. Mesmo sem nenhuma experiência, nem estudo na área, Lou conseguiu o emprego que paga bem mais que um salario mínimo. O contrato tinha a duração de seis meses e ela ganharia nove libras por horas de trabalho... E o melhor, não teria que limpar a bunda de ninguém, seria apenas a acompanhante, fazendo companhia, ajudando nas refeições e organizando a casa em que o deficiente morava.
Lou passaria a cuidar de Will, um homem de 35 anos, bonito, que parecia ter sido um belo de um garanhão quando mais jovem, mas que estava preso a uma cadeira de rodas há dois anos. Tetraplégico.
Mal sabia acoitada da garota que, seu papel era muito maior que uma simples acompanhante. Além de aguentar o humor instável e ácido de Will Traynor, Lou também descobriria mais para frente que seu prazo era curto e que havia uma vida em jogo. Seis meses e nada mais, era o tempo que Lou tinha para ajudar Will a perceber que ainda existia razão em viver.

“Eu estava tão furiosa porque tudo ao meu redor podia se mexer e se curvar e crescer e se reproduzir, e meu filho – meu filho cheio de vida, carismático e lindo – era aquela coisa. Imóvel, murcho, ensanguentado, sofrendo. A beleza do mundo parecia uma obscenidade”.

Meu Deus do céu. Onde eu estava que só fui ler esse livro agora?
Ainda por cima, só por conta de uma indicação e de um empréstimo – Aline, não tenho palavras para dizer o quanto sou grato!.
Já havia visto o trailer e disse, “Ok, parece legal e tals”, mas não me senti na obrigação de ler. Quando minha amiga me intimou e me emprestou o livro e eu vi que ele era razoavelmente grande, com letras bem pequenas, eu falei “Ok, essa leitura vai demorar”.
Acredite, li o livro em dois três. Na primeira pegada que dei para ler, eu engoli 60 páginas. No segundo dia cheguei até a página 200... No terceiro dia não aguentei e li tudo, sem parar.
Jojo Moyes tem uma escrita maravilhosa, simples mas completa, extensa mas rápida. De inicio o tamanho da letra e os parágrafos podem até te assustar, mas depois de entender o que esta acontecendo – lá pela página 50 -, esquece, você vai ser fisgado de uma forma incrível.
Passamos a acompanhar a corrida contra o tempo de Lou, que agora tenta desesperadamente mostrar a Will que mesmo apesar dos pesares, a vida ainda pode ter sentido. Will combinou com seus pais que, em seis meses ele queria ser levado para uma clínica na Suíça, onde é autorizado o suicídio, ou morte, assistido. Ele não via mais razão para viver. Tudo o que sempre planejou, fez e presenciou, não poderia mais acontecer ou voltar e uma vida preso a uma cadeira, com previsões pessimistas dos médicos em relação a sua saúde, era demais para ele.
Lou realmente tenta fazer de tudo para trazer um pouco de animo para a vida dele. Chega até a comprar um calendário gigante e prende na porta de seu quarto, marcando os dias até o final do contrato – dia em que Will se mataria conscientemente -, anotando todas as tentativas de reviver o animo nele.
Esse é o tipo de trama que não tem nada de ação ou loucuras ou coisas loucas. São os detalhes, os pequenos atos e sentimentos que regram a história com uma aura indescritível e conquistam o leitor. A forma como Lou evolui, aprende, cresce como pessoa. A forma como Will evolui no seu estado psicológico e emocional, assim que Lou aparece em sua vida com suas roupas loucas e combinações exóticas. O jeito como a história nos faz acreditar que tudo dará certo... Meu deus. Que livro.
Eu me segurei o livro todo, fui firme e másculo durante toda a leitura, mas a partir do momento em que a Lou desaba durante o jantar, eu comecei a chorar e não parei mais. Fora as 10 páginas mais demoradas da história. Era uma maratona entre limpar os olhos, o nariz, respirar e voltar a ler, para depois de um minuto começar tudo de novo.
A autora acertou em outro ponto também. Incluiu no meio do livro capítulos com a perspectiva de outros personagens. Para mim isso é sempre um erro, uma cartada errada que faz o leitor perder o timing da leitura, mas nesse caso ela acertou. Não era algo cansativo nem extenso, foram se não me engano, 4 capítulos, de três ou quarto folhas cada, com a visão de 4 personagens diferente, só para mostrar o que estava acontecendo com outros olhos, ou explicar algo que aconteceu.
Tem tanta coisa intrincada nessa história, por trás de tudo que acontece. Passado, presente e futuro. É tão lindo ler esse tipo de história. Faz você olha para você e para o seu presente e futuro com outros olhos. E se fosse eu? Eu ia querer ir para a bendita Dignitas e acabar, assistidamente, com a minha vida? Eu escolheria deixar tudo de lado, todos, e acabar com o meu sofrimento? E os outros? E a minha família,. Amigos e etc? Meu sofrimento seria maior que o deles?
São assuntos tão agridoces e pesarosos, mas são pertinentes e importantes. O final do livro não é tãooo feliz, eu mesmo odiei algumas parte, me senti triste quando a Lou disse que amava o Will SPOILER e ele disse que mesmo assim não havia nada que o fizesse ficar, nem mesmo ela... Sabe, doeu. Mas eu não poderia ter amado mais esse livro.
Sem dúvidas, a minha melhor leitura do ano.
25/55

Um comentário:

  1. Esse é um daqueles típicos casos onde a gente mesmo sofrendo continua a leitura AMANDO. Sem dúvidas também foi uma das melhores leituras que fiz esse ano e é um livro que com certeza entrou pra minha história! (olha a canceriana exagerada aqui)

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