22 de abril de 2014

Resenha - Hoje Eu Quero Voltar Sozinho

Cuidado, seu preconceito pode cegar. E cuidado com alguns Spoillers aqui também!

Talvez o que me falte é ar nesse momento. Ar e um pouco de realidade, por favor. Como alguém consegue produzir um filme tão simples e ao mesmo tempo tão incrivelmente apaixonante? Daniel Ribeiro está de parabéns – aplaudindo ele em é nesse momento no meu quarto.

Sinopse: “Leonardo é um adolescente cego que, como qualquer adolescente, está em busca de seu lugar. Desejando ser mais independente, precisa lidar com suas limitações e a superproteção de sua mãe. Para decepção de sua inseparável melhor amiga, Giovana, ele planeja libertar-se de seu cotidiano fazendo uma viagem de intercâmbio. Porém a chegada de Gabriel, um novo aluno na escola, desperta sentimentos até então desconhecidos em Leonardo, fazendo-o redescobrir sua maneira de ver o mundo.”

Para inicio de conversa, eu acho um verdadeiro descaso um filme tão, mas tão bom, que realmente tem algo a mostrar ao publico não esteja em cartaz em todos os lugares. Consegui assistir pois abriram dois horários, únicos, ontem e hoje, no Cine Cult. Sem falar em outras tantas cidades que nem essa chance terão, sem falar que, nem mesmo um POSTER eles colocaram do filme! Chega a ser ridículo você saber que convivemos com pessoas que preferem assistir á aquele besteirol ridículo como o “Copa de Elite” á ver um filme assim. Por isso o cinema nacional não vai para frente, eles mostram o desnecessário e vulgar, e o que importa e o interessante, eles descartam. Vamos acordar povo! Mas chega desse momento indignação... Vamos ao importante!!!
Me surpreendi. Confesso. Não esperava algo tão impactante e “real” por assim se dizer como o filme é. Esperava algo diferente desse resultado, mas não posso dizer nada negativo, pois estou juntando moedas a partir de agora para comprar o DVD.
Para quem assistiu ao Curta, prepara o coração e o seu calcitran, pois o filme é tão fodastico, que vai fazer seus ossos caírem em forma de pó! O Longa segue fielmente ao Curta, é lógico que com um elenco mais amplo, e personagens novos, mas ainda assim, o filme faz jus ao nome que tem. Talvez seja esse clima Boêmio nas produções nacionais de baixa “renda” que me encante. Esse modo fácil e complicado ao mesmo tempo de ver as coisas, de viver. As musicas Folk/Alternativas de plano de fundo. O lugar... Mas é claro, os personagens também. Léo e sua ambição por liberdade e um desejo gigante de beijar, ou ser beijado. Gi e seu amor platônico por Leo. Gabriel, o garoto novo e alvo de cobiça pelos amigos. Gi fica afim dele, assim como a Karina e próprio Léo, só que nós sabemos por quem os olhinhos do Gabriel brilham.

Obs: Pularam duas partes, a que ele diz pro Léo que esqueceu a blusa na casa dele, e que ia passar lá pra buscar – que foi substituída por uma conversa simples, nada de boca na orelha e arrepiozinhos – e a parte em que ele pergunta desde quando o Léo era assim, e ele responde “Assim como? Moreno?”, que foi trocada por uma ida ao cinema.

Temos novas locações também, como a casa da Avó do Leo, o Acampamento que dá o que falar, a festa na casa da Karina e até mesmo a pracinha onde eles veem o eclipse. O filme corre de um jeito tão envolvente, que, juro por deus que ressuscitou essa semana, uma hora e quarenta passaram como se fossem vinte minutos. Vale também ressaltar que a atuação de Fabio Audi, Ghilherme Lobo e Tess Amorim foi incrível. Se não houvesse uma química tão incrível entre eles, o filme não seria o que é. E preparem-se.
Gosto de filmes que mostram, ou tentam parecer o mais normais possível, mesmo sendo uma ficção. Hoje eu quero voltar sozinho, se encaixa nessa categoria. Temos muitas bundas de fora, beijos trocados durante o filme todo, e a segunda parte que eu mais gostei: Quando Léo se masturba usando a blusa do Gabriel. Ok, parece pervertido, ele vestir a blusa e se masturbar cheirando ela. Mas analisemos a situação:
Ele não sabe ao certo o que está sentindo, não sabe se isso que ele pensa estar sentindo é recíproco, ele nunca viu o Gabriel, gente ele é cego!
Qual o sentido que ele vai usar para fazer isso? Além do tato e da imaginação? O olfato. É a lembrança mais próxima que ele tem do Gabriel.
É muito, muito interessante você pensar assim, que você se sente atraído por uma pessoa que você nunca viu, que você não sabe como é, mas é um sentimento tão forte, que mesmo sem ter essa “imagem” pré determinada em sua mente, você, apenas com um sentido, com aquilo que faz você se lembrar dessa pessoa, consiga se sentir, digamos, excitado.

Não veja a cena como pornografia ou erotismo, tentem entender! E lógico a parte mais incrível do filme é o beijo do final, onde eles se “declaram”, digamos assim. Não foi aquele beijinho anêmico e apático que a globo diz ser um beijo. Foi um BEIJO mesmo. Com foco nos rostos, e linguão rolando. Foi aquele beijo que você vê e sabe que a história está acabando.
Poderia falar horas de tudo.
Do pai do Léo, que faz um papel incrível de conciliador, e parece realmente entender o filho, da Gi, que mesmo parecendo um pouco chata, fechando a cara para o Leo durante quase todo o filme, tem um papel importantíssimo.
Ah, do que mais? Dessa Vibe boa de cultura de verdade entrando pelos seus poros, e não de besteira que não vão te agregar em nada. Ver uma SALA LOTADA, reagindo às piadas, respirando fundo nas partes tensas, e no final, se levantando e APLAUDINDO A TELA DO CINEMA, PELO ÓTIMO FILME, é outra coisa. Saia do seu mundinho bosta, e venha ver o mundo aqui fora. Talvez o filme do ano. Sem duvida nenhuma! 


Só digo uma coisa, se rolar outra sessão, to lá. vou comprar o DVD, e se você tiver a oportunidade, vá e assista. A trilha sonora é incrível, o filme é incrível, e bora fazer mais filmes nessa pegada, por que o brasil já se cansou desses humoristasinhos produzindo filmes merdas!

2 comentários:

  1. Bom, muito bom! E se enganam as pessoas que pensam que é um filme pra homossexuais! É um filme cultural, e você, heterossexual, não pense que um filme assim não lhe trará nenhum bem, é um filme que traz dois assuntos delicados q até hoje as pessoas sofrem preconceito, a deficiência visual e a homossexualidade.

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  2. Meu, assisti esse filme ontem e estou impactado até agora. Parabéns pelo seu post sobre o filme, um dos melhores que encontrei até agora. Forte abraço

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