2 de novembro de 2015

Resenha - A Febre

Cuidado, pode ter alguns Spoilers!!! Mas leia mesmo assim!
Livro: "A Febre"
Autor: Megan Abbott
Editora: Intrínseca
ISBN: 9788580577990
Ano: 2015
Páginas: 268
Skoob: Livro
Estrelas: 5

Sinopse: "Deenie e Lise estudam na mesma escola e são amigas inseparáveis. Quando Lise sofre uma inexplicável e violenta convulsão no meio da sala de aula, ninguém sabe como reagir... até que outras meninas começam a exibir sintomas similares. Envolto em teorias e especulações, o pânico se alastra pela cidade, ameaçando a frágil sensação de segurança de todos os envolvidos, que não conseguem compreender a causa da doença terrível e misteriosa.
Inspirado num acontecimento real que ocorreu em 2012 em Nova York, A febre foi considerado um dos melhores livros de 2014 pela Amazon e por publicações como Kirkus Reviews, School Library Journal, The Boston Globe e LA Review of Books. O livro será adaptado para a televisão em uma série da MTV, produzida por Karen Rosenfelt, responsável pelos sucessos A Menina Que Roubava Livros, O Diabo Veste Prada e a série Crepúsculo". 

***

“A mulher balançou a cabeça, os olhos vermelhos, arregalados e focados em Eli.
- Ninguém fez você injetar veneno - comentou, aumentando o tom de voz. Então apontou o dedo para Eli, para logo abaixo de sua cintura.
- Todos vocês - continuou, agora olhando para Tom - Espalhando o seu sêmem onde entendem. Este é o veneno. Seu sêmen é o veneno!".

Essa semana eu tenho o maior prazer e raiva de trazer para vocês a resenha de um livro que me tirou do sério, me deixou fora da casinha. Mas, primeiramente, vamos falar dessa autora que eu mal conheço, mas já considero pakas?
Megan Abbott nasceu em 1971, cresceu no subúrbio de Detroit e se formou na Universidade de Michigan. Ela recebeu seu PhD em Inglês e Literatura Americana pela Universidade de Nova York e lecionou na Universidade de Nova York, na Universidade Estadual de Nova York e na Universidade New School. Além de professora, Abbott ficou conhecida por seus livros, em sua maioria de ficção criminal. Vencedora do prêmio “Mystery Writers of America Edgar Award”, foi nomeada como umas das "23 autoras que admiramos" em 2011, além de conseguir uma ótima avaliação feita pelo Publishers Weekly em 2011, para o seu romance “The End of Everything”. Já deu para ver que não é qualquer autora, não é? Pois bem, se prepare, pois esse livro vai te deixar obcecado.

"- Eu tenho uma amiga no pronto-socorro - continuou Diane, falando depressa e embolando as palavras - Ela disse que a jovem Court não parava de enfiar a mão na boca. Ela enfiava o punho inteiro lá dentro. E, quando a contiveram, ela começou a berrar que alguma coisa estava tocando nela por dentro".

Dryden sempre foi uma cidade, digamos, estranhamente encantadora. As pessoas diziam que ali era um pequeno pedaço do paraíso. Tanto acreditavam nisso que Georgia e Tom resolveram se mudar para lá e criar seus dois filhos. Deenie e Eli. Mas assim como tudo parece lindo e mágico, tudo, uma hora, despenca. Foi nesta queda livre que Georgia percebeu que se sentia enclausurada naquele lugar. Infeliz, estressada e irritada. Ela não aguentava mais aquela cidade. Arrumou um amante, ficou gravida dele, perdeu a criança, seu marido descobriu, eles brigaram e ela foi embora sem olhar para trás. Adeus Dryden.
Tom cuidou bem de seus filhos nestes anos. A falta de sua esposa foi um fardo, uma dor pungente e presente. Mas ele conseguiu aguentar forte. Pai e professor do ensino médio, Tom poderia esperar de tudo, menos que uma crise de saúde fosse atingir a pequena cidade.
***
Deenie não queria encontrar a amiga naquela manha. Havia perdido sua virgindade na noite anterior com Sean Lurie, que estudava em outra escola e trabalha com ela em uma pizzaria local. Ela não sabia o porque havia feito isso, mas sabia que se sua melhora amiga, Lise a visse naquela manhã, ela descobriria. Por isso não a esperou no armário, foi direto para a sala.
Ela sabia o porque havia feito aquilo. Não foi por mal, mas ela precisava. Sua amiga mesmo havia dito que um dia ela “sentiria aquilo, e que seria tão incrível quanto foi a primeira vez dela”. Deenie queria muito sentir isso. E sentiu, Mas tudo meio que desapareceu de sua mente quando Lise caiu da cadeira e começou a ter convulsões. Todo mundo viu sua roupa intima neon, a baba branca...
***
Eli queria descobrir de quem era aquela foto. Alguém mandou uma foto de uma barriga chapada, feminina, com lingerie roxa, assim como o esmalte. Não era de todo desconhecido, mas ele não se lembrava de quem era. Estava tão acostumado a ter esse tipo de foto. As garotas mandavam aos montes. O garanhão gótico da escola. Jogador de Hóquei, atleta e bonito. Teria uma garota diferente todos os dias se quisesse, mas ele estava de boa ultimamente. Talvez essa coisa de transar sem compromisso tenha perdido a graça para ela. Agora só o canal da ESPN tinha graça.

"Em 2012, um surto misterioso ocorrido na pequena cidade de Le Roy, nos Estados Unidos, chamou a atenção da mídia. Cerca de 20 garotas começaram a apresentar tiques nervosos e sintomas como desmaios e convulsões. O caso teve destaque nas páginas de jornais de vários lugares do mundo, mas foi nas redes sociais que ganhou força.
Apesar da proximidade física e social, as garotas contaminadas compartilhavam vídeos e mensagens sobre os tiques no Facebook e no Youtube. De acordo com os médicos que analisaram o caso, o conteúdo divulgado na internet foi uma das principais razões de o surto ter se espalhado rapidamente. Eles alegaram que as pessoas ficavam impressionadas com as imagens e passavam a apresentar os mesmos sintomas após ter contato com o material.
Entre as hipóteses levantadas, os médicos acreditam que o caso foi uma espécie de histeria coletiva, fenômeno que de tempos em tempos atinge pessoas mais vulneráveis a distúrbios de ansiedade. Sem diagnóstico definitivo e causa aparente, o surto foi estudado também por um grupo de ambientalistas liderado pela ativista Erin Brockovich, que suspeitava de um composto químico tóxico derramado havia 40 anos na região e que poderia ser o responsável pela epidemia. O fato misterioso gerou tanta repercussão que despertou o interesse da autora Megan Abbott. Impressionada, ela decidiu escrever A febre. Megan conta que sempre quis criar uma história que tivesse uma conexão com a peça As bruxas de Salém, de Arthur Miller. Mas a inspiração só veio quando o surto das meninas de Le Roy veio à tona" - Site Intrínseca.

Primeiro foi Lise. A garota caiu dura no chão, tento convulsões e espumando. Ninguém sabia o que era aquilo. Depois foram outras, e outras, e outras, até a cidade cair num total estado de crise. Era o lago? A vacina contra HPV que todas haviam tomado? Era algum vírus? Todos os médicos diziam ser estresse, mas poucos acreditavam nisso. Nas semanas que se seguiram todos os laudos médicos diziam isso, estresse. Mas todos sabiam que isso era mentira. O que todas as garotas tinham em comum? Resposta: Deenie...
Bom, pelo menos é essa a resposta que o livro vai fazer você acreditar ser a certa. Mas não acredite nisso!
Eu não sei como falar desse livro, ele é estranho, visceral, traumático e dá medo. Inicialmente imaginei que fosse uma força sobrenatural, sabe? Porque onde já se viu ter convulsões e ver vultos e vozes? Todo dia, no mesmo horário, estava estranho. Dai, em certo ponto, surgiu o lago. Um lago que parou de ser frequentado depois que uma criança morreu lá e ficou cerca de dez dias boiando, apodrecendo. Gente, o lago tinha algas fluorescentes... Lógico que não era um bom lugar para se nadar e curtir um dia de sol. E então, eles colocaram a vacina em jogo. Quem diria que uma vacina de HPV faria tal estrago?
Eu amei esse livro. Ele te deixa nervoso, com medo e irritado com a calmaria que as pessoas tem em relação a uma crise. Deenie é a sonça da história. Tudo acontece bem na sua frente e ela só sabe pensar em duas coisas: Sean lurie e ir até a porra do hospital. Tom é o pai protetor que eu ainda não decidi se o classificarei como bonito – tipo quarentão -, ou bonito, tipo, bonito. Mas sem dúvidas, as melhores partes são as que vemos a história por sua perspectiva. E Eli... Meu deus. O que dizer dele? Querendo ou não, e aqui vai um SPOILER, a história toda, no sentido literal e real, gira em torno dele. Mesmo sem ele se dar conta, mesmo ele sendo uma atleta pra lá de gótico suave, que não liga para nada nem ninguém e sente falta da infância.
O livro é narrado pela família Nash. Deenie, Tom e Eli, e esse foi um grande acerto. Uma família totalmente traumatizada e cheia de fantasmas do passado e problemas emocionais. Cada um parece mais quebrado que o outro. Eli mais do que todos.
O ritmo da história é frenético, fica aquele suspense macabro, e todas aquelas supostas verdades do que está acontecendo. Dai vem o ministério da saúde, a policia, as investigações... E descobrimos que o segredo chave dessa história toda está em um boato, Um bendito boato mal apurado que causou essa histeria. Eu realmente amei esse livro, a história é bem simples e eu poderia resumi-la aqui, mas o legal dela são esses conflitos. Essa loucura epidemiológica e psicológica. Essa febre, levando ao pé da letra. E o pior é que isso foi baseado em uma história real, como mostrei logo acima, em uma matéria do site da Editora.
Não posso falar mais do que isso, se não conto tudo e a sua leitura perde a graça, mas sinceramente, se estiver em dúvida entre esse livro e qualquer outro, pare respire e leia esse. Você vai se apaixonar!
37/50

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