14 de março de 2016

Resenha - O que ha de estranho em mim

Cuidado, pode ter alguns Spoilers!!! Mas leia mesmo assim!
Livro: "O que ha de estranho em mim"
Autor: Gayle Forman
Editora: Arqueiro
ISBN: 9788565859790
Ano: 2016
Páginas: 224
Skoob: Livro
Estrelas: 5

Sinopse: "Ao internar a filha numa clínica, o pai de Brit acredita que está ajudando a menina, mas a verdade é que o lugar só lhe faz mal. Aos 16 anos, ela se vê diante de um duvidoso método de terapia, que inclui xingar as outras jovens e dedurar as infrações alheias para ganhar a liberdade. 
Sem saber em quem confiar e determinada a não cooperar com os conselheiros, Brit se isola. Mas não fica sozinha por muito tempo. Logo outras garotas se unem a ela na resistência àquele modo de vida hostil. V, Bebe, Martha e Cassie se tornam seu oásis em meio ao deserto de opressão. 
Juntas, as cinco amigas vão em busca de uma forma de desafiar o sistema, mostrar ao mundo que não têm nada de desajustadas e dar fim ao suplício de viver numa instituição que as enlouquece".

***

Esta semana trago para vocês mais uma aventura. Confesso que me demorei um pouco em ler, mas quando peguei o livro acabei o devorando em um dia. Sério, coisa de algumas horas. Disse que me aventurei porque nunca havia lido nada desta autora. Nem mesmo o sucesso “Se eu ficar” entrou para a minha lista – Claro, assisti o filme, mas parei por ai.
Mas confesso que me apaixonei. ,as antes de qualquer coisa, vamos conhecer um pouco da autora? Pois bem, Gayle Forman começou sua carreira escrevendo para a revista Seventeen, com a maioria de seus artigos focados em temáticas envolvendo jovens e suas questões sociais. Mais tarde publicou textos também em re4vistas como Details Magazine, Jane, Glamour Magazine, The Nation, Elle e Cosmopolitan. Em 2002, ela e seu marido Nick fez uma viagem ao redor do mundo e ela acumulou experiências e informações que mais tarde serviram como base para o seu primeiro livro, um livro de viagens, “You Can't Get There from Here: A Year on the Fringes of a Shrinking World”. Em 2007, Forman publicou seu primeiro YA, chamado “Sisters em Sanity” - baseado em um artigo que tinha escrito para a Seventeen.
Mas foi em 2009 que Gayle ganhou fama mundial ao lançar o livro “Se eu ficar” – um livro incrivelmente forme e sentimental que arrebatou leitores do mundo todo e acabou indo parar nas telas de cinema. Forman ganhou o NAIBA Book of the Year Awards 2009 e em 2010, no  Indie Choice Honor Award para “Se eu ficar”. Depois disso vieram mais e mais livro até que chegamos aqui, no “O que há de estranho em mim”, livro que se originou também de um artigo feito pela autora para a revista Seventeen.

"O que cada um de nós havia feito para estar ali? Cassie gostava de meninas mais do que achavam que deveria. Bebe gostava de meninos mais do que deveria. V pensava na morte mais do que deveria. E eu? Por que é que estava ali? Porque era mais parecida com a minha mãe do que deveria? Porque assustava meu pai mais do que deveria?"

Britt, depois de muito argumentar e fazer birra, acabou tendo que ir a uma viagem de família com seu pai, seu meio irmão e sua madrasta, a Monstra. Inocente do jeito que era, mal podia esperar que no final das contas seu pai estava mesmo era a levando para um internato. Red Rock. Um instituto de tratamento para meninas. Ali havia de tudo. Viciadas em sexo, gays, anoréxicas, garotas rebeldes, drogadas... Pelo menos era isso que o folheto e as propagandas diziam.
Britt não era nada disso. Ela tinha 16 anos, tocava guitarra em uma banda, tinha duas ou três notas vermelha. Brigava com seu pai? Sim. Odiava sua madrasta? Sim, e com razão. Mas pelo amor de Zeus, qual adolescente de 16 anos não é assim? Nem por isso todos são internados!
Mas era isso que seu pai queria. Ou sua Madrasta. Britt sempre soube que a Monstra não queria uma família de quatro pessoas e sim de três. Por isso se livrou dela. Mas a montra, a partir do momento que Britt passasse daqueles portões, seria o menor dos seus problemas. O lugar era um verdadeiro inferno. Feio, sujo, elas comiam comida congelada, eram obrigadas a fazer uma terapia de confronto desumana, sem falar na pedreira, um lugar em que todas faziam a terapia do bloco, carregando por horas blocos e blocos para construir um muro e depois desfaziam tudo e começavam de novo. Segundo a direção, essa era a dinâmica da vida.
Mas com o passar do tempo dentro daquele lugar esquecido por deus, Britt vai perceber que a amizade pode ajudar muito no desenvolvimento e também vai entender que, nem sempre são os filhos que tem problemas... E sim seus pais.

“Parei um segundo só para observar minhas Irmãs ali, reunidas à beira de um precipício. Depois corri ao encontro delas”.

Fiquei muito feliz em finalmente me entregar ao livro. Enrolei um pouco para ler por conta do carnaval e também de coisas pessoais e nem um pouco importantes – no final das contas – e acabei adiando um pouco a leitura. Mas quando peguei o livro, não teve outro jeito. O engoli em horas. Tipo, sério, foi coisa de horas.
A autora nos apresenta um livro muito bem pensado e de certa forma baseado em fatos reais, isso se levarmos em conta que isso acontece e muito, com centenas de milhares de pessoas. A trama é rápida, inteligente, nos carrega para dentro das paredes incrivelmente tristes de Red Rock e nos mostra a verdade por trás de muitas realidades.
Se eu fosse internado em um clinica, e todo contato que eu fizesse fosse para reclamar e falar o quão ruim é o lugar, alguém acreditaria? LÓGICO QUE NÃO. Aparentemente eu tenho um problema e esse meu problema faz com que eu não queria estar ali.
Mas além disso, é importante tirar duas lições disso tudo: amizade e o confronto da realidade. Obviamente o Divinamente Fabuloso e Ultraexclusivo Clube de Malucas foi a âncora que deu ânimo para Britt. É possível ver o crescimento dela no livro. A acanhada e amargurada rockeira que perdeu a mãe e a família a abandonou em um manicômio virou a garota determinada a juntar provas e acabar com a mentira que era feita e dissipada em Red Rock.
Já a parte do confronto da realidade é outro ponto importante. Até em que ponto você é responsável pelo o que acontece com seus filhos? Será que um comportamento não pode ser uma reação a uma atitude sua? No final das contas, o problemático pode ser você mesmo, e não a pessoa para quem você esta apontando o dedo.
Outro ponto muito importante do livro também são as personagens. Cada uma das meninas com uma personalidade diferente, com “problemas” diferentes, mas que ainda assim se unem para realmente se tratar: praticando algo chamado se abrir, conversar. Bebe, Cassie, Martha e V – Que me lembrou demais a personalidade da Alasca, do John Green - sem duvidas são aspectos maravilhosos do livro.
Obviamente minha mão coçou e muito durante a leitura. Eu não sei por que mais eu to bem esquentado ultimamente, então para mim, sem duvidas, o confronto é o melhor. Se eu fosse a Britt, já teria colocado fogo em tudo. Mas não agressivamente, eu colocaria fogo instigando a queda pela própria língua. Por favor, os profissionais daquele lugar não tinham nada de profissionais, nem estudados eram. Eu já tinha colocado a boca no trombone.
A terapia de confronto teria ganhado um novo sentido se eu estivesse lá. Ao invés de xingar, teria sido elogios. “BICHA MAS A SENHORA É DESTRUIDORA MESMO, EIN!”, eu gritaria para Martha. Mas como não fui eu que escreveu o livro, nem vou dar pitaco. Hahaha’
Não posso falar muito mais do enredo se não perde toda a graça. Mas sem dúvidas é um livro muito cativante. Não esperava que ele me sugasse da forma que me sugou e eu amei. Espero que vocês também amem esse livro do jeito que eu amei.
10/55

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