Cuidado, pode ter alguns Spoilers!!! Mas leia mesmo assim!
Livro: "O que ha de estranho em mim"
Autor: Gayle Forman
Editora: Arqueiro
ISBN: 9788565859790
Ano: 2016
Páginas: 224
Skoob: Livro
Estrelas: 5
Sinopse: "Ao internar a filha numa clínica, o pai de Brit acredita que está ajudando a menina, mas a verdade é que o lugar só lhe faz mal. Aos 16 anos, ela se vê diante de um duvidoso método de terapia, que inclui xingar as outras jovens e dedurar as infrações alheias para ganhar a liberdade.
Sem saber em quem confiar e determinada a não cooperar com os conselheiros, Brit se isola. Mas não fica sozinha por muito tempo. Logo outras garotas se unem a ela na resistência àquele modo de vida hostil. V, Bebe, Martha e Cassie se tornam seu oásis em meio ao deserto de opressão.
Juntas, as cinco amigas vão em busca de uma forma de desafiar o sistema, mostrar ao mundo que não têm nada de desajustadas e dar fim ao suplício de viver numa instituição que as enlouquece".
***
Esta semana trago para vocês mais uma aventura.
Confesso que me demorei um pouco em ler, mas quando peguei o livro acabei o
devorando em um dia. Sério, coisa de algumas horas. Disse que me aventurei
porque nunca havia lido nada desta autora. Nem mesmo o sucesso “Se eu ficar”
entrou para a minha lista – Claro, assisti o filme, mas parei por ai.
Mas confesso que me apaixonei. ,as antes de
qualquer coisa, vamos conhecer um pouco da autora? Pois bem, Gayle Forman
começou sua carreira escrevendo para a revista Seventeen, com a maioria de seus
artigos focados em temáticas envolvendo jovens e suas questões sociais. Mais
tarde publicou textos também em re4vistas como Details Magazine, Jane, Glamour
Magazine, The Nation, Elle e Cosmopolitan. Em 2002, ela e seu marido Nick fez
uma viagem ao redor do mundo e ela acumulou experiências e informações que mais
tarde serviram como base para o seu primeiro livro, um livro de viagens, “You Can't Get There
from Here: A Year on the Fringes of a Shrinking World”. Em
2007, Forman publicou seu primeiro YA, chamado “Sisters em Sanity” - baseado em
um artigo que tinha escrito para a Seventeen.
Mas foi em 2009 que Gayle ganhou fama mundial ao
lançar o livro “Se eu ficar” – um livro incrivelmente forme e sentimental que
arrebatou leitores do mundo todo e acabou indo parar nas telas de cinema. Forman
ganhou o NAIBA Book of the Year Awards 2009 e em 2010, no Indie Choice Honor Award para “Se eu ficar”.
Depois disso vieram mais e mais livro até que chegamos aqui, no “O que há de estranho
em mim”, livro que se originou também de um artigo feito pela autora para a
revista Seventeen.
"O que cada um de nós havia feito para estar ali?
Cassie gostava de meninas mais do que achavam que deveria. Bebe gostava de
meninos mais do que deveria. V pensava na morte mais do que deveria. E eu? Por
que é que estava ali? Porque era mais parecida com a minha mãe do que deveria?
Porque assustava meu pai mais do que deveria?"
Britt, depois de muito argumentar e fazer birra,
acabou tendo que ir a uma viagem de família com seu pai, seu meio irmão e sua madrasta,
a Monstra. Inocente do jeito que era, mal podia esperar que no final das contas
seu pai estava mesmo era a levando para um internato. Red Rock. Um instituto de
tratamento para meninas. Ali havia de tudo. Viciadas em sexo, gays, anoréxicas,
garotas rebeldes, drogadas... Pelo menos era isso que o folheto e as
propagandas diziam.
Britt não era nada disso. Ela tinha 16 anos,
tocava guitarra em uma banda, tinha duas ou três notas vermelha. Brigava com
seu pai? Sim. Odiava sua madrasta? Sim, e com razão. Mas pelo amor de Zeus,
qual adolescente de 16 anos não é assim? Nem por isso todos são internados!
Mas era isso que seu pai queria. Ou sua
Madrasta. Britt sempre soube que a Monstra não queria uma família de quatro
pessoas e sim de três. Por isso se livrou dela. Mas a montra, a partir do
momento que Britt passasse daqueles portões, seria o menor dos seus problemas.
O lugar era um verdadeiro inferno. Feio, sujo, elas comiam comida congelada,
eram obrigadas a fazer uma terapia de confronto desumana, sem falar na
pedreira, um lugar em que todas faziam a terapia do bloco, carregando por horas
blocos e blocos para construir um muro e depois desfaziam tudo e começavam de
novo. Segundo a direção, essa era a dinâmica da vida.
Mas com o passar do tempo dentro daquele lugar
esquecido por deus, Britt vai perceber que a amizade pode ajudar muito no
desenvolvimento e também vai entender que, nem sempre são os filhos que tem
problemas... E sim seus pais.
“Parei um segundo só para observar minhas Irmãs ali,
reunidas à beira de um precipício. Depois corri ao encontro delas”.
Fiquei muito feliz em finalmente me entregar ao
livro. Enrolei um pouco para ler por conta do carnaval e também de coisas
pessoais e nem um pouco importantes – no final das contas – e acabei adiando um
pouco a leitura. Mas quando peguei o livro, não teve outro jeito. O engoli em
horas. Tipo, sério, foi coisa de horas.
A autora nos apresenta um livro muito bem
pensado e de certa forma baseado em fatos reais, isso se levarmos em conta que
isso acontece e muito, com centenas de milhares de pessoas. A trama é rápida,
inteligente, nos carrega para dentro das paredes incrivelmente tristes de Red
Rock e nos mostra a verdade por trás de muitas realidades.
Se eu fosse internado em um clinica, e todo
contato que eu fizesse fosse para reclamar e falar o quão ruim é o lugar,
alguém acreditaria? LÓGICO QUE NÃO. Aparentemente eu tenho um problema e esse
meu problema faz com que eu não queria estar ali.
Mas além disso, é importante tirar duas lições
disso tudo: amizade e o confronto da realidade. Obviamente o Divinamente
Fabuloso e Ultraexclusivo Clube de Malucas foi a âncora que deu ânimo para
Britt. É possível ver o crescimento dela no livro. A acanhada e amargurada
rockeira que perdeu a mãe e a família a abandonou em um manicômio virou a
garota determinada a juntar provas e acabar com a mentira que era feita e
dissipada em Red Rock.
Já a parte do confronto da realidade é outro
ponto importante. Até em que ponto você é responsável pelo o que acontece com
seus filhos? Será que um comportamento não pode ser uma reação a uma atitude
sua? No final das contas, o problemático pode ser você mesmo, e não a pessoa
para quem você esta apontando o dedo.
Outro ponto muito importante do livro também são
as personagens. Cada uma das meninas com uma personalidade diferente, com “problemas”
diferentes, mas que ainda assim se unem para realmente se tratar: praticando
algo chamado se abrir, conversar. Bebe, Cassie, Martha e V – Que me lembrou
demais a personalidade da Alasca, do John Green - sem duvidas são aspectos
maravilhosos do livro.
Obviamente minha mão coçou e muito durante a
leitura. Eu não sei por que mais eu to bem esquentado ultimamente, então para
mim, sem duvidas, o confronto é o melhor. Se eu fosse a Britt, já teria
colocado fogo em tudo. Mas não agressivamente, eu colocaria fogo instigando a
queda pela própria língua. Por favor, os profissionais daquele lugar não tinham
nada de profissionais, nem estudados eram. Eu já tinha colocado a boca no trombone.
A terapia de confronto teria ganhado um novo
sentido se eu estivesse lá. Ao invés de xingar, teria sido elogios. “BICHA MAS
A SENHORA É DESTRUIDORA MESMO, EIN!”, eu gritaria para Martha. Mas como não fui
eu que escreveu o livro, nem vou dar pitaco. Hahaha’
Não posso falar muito mais do enredo se não
perde toda a graça. Mas sem dúvidas é um livro muito cativante. Não esperava
que ele me sugasse da forma que me sugou e eu amei. Espero que vocês também
amem esse livro do jeito que eu amei.
10/55