7 de dezembro de 2015

Resenha - Lagoena

Cuidado, pode ter alguns Spoilers!!! Mas leia mesmo assim!
Livro: "Lagoena"
Autor: Laísa Couto
Editora: Editora Draco
ISBN: 9788582430682
Ano: 2014
Páginas: 271
Skoob: Livro
Estrelas: 5


Sinopse: "Rheita é órfã de mãe e a única neta de um joalheiro falido. Por mais que seu avô tente, os esforços para isolar essa garota de 10 anos do mundo e esconder sua verdadeira identidade são inúteis. Inteligente e esperta, a curiosidade da garota leva-a a uma descoberta no antigo quarto da mãe. Encontra a metade de um mapa mágico, mas qual seria a relação disso com o desaparecimento de seu pai?
Quando Kiel, o filho gago do sapateiro, faz revelações incríveis a Rheita, juntos partem para uma aventura repleta de segredos ainda maiores, rumo a um outro mundo, Lagoena, a Terra Secreta que corre grande risco de não mais existir.
A menina deverá salvar esse lugar mágico, protegendo o tesouro do mapa da cobiça de um imperador amaldiçoado, enquanto segue o maior desejo de seu coração: encontrar o pai que nunca conheceu.
Lagoena: O Portal dos Desejos é o romance de estreia de Laísa Couto, autora que resgata a magia dos contos de fada em uma história emocionante e envolvente. Quando a verdade da sua vida lhe foi negada, fugir para um mundo fantástico pode ser a única salvação". 

***

Essa resenha é especial, por que ela foi a minha primeira participação em um BookTour. Para quem não se lembra, "Lagoena" era um projeto onde, toda semana era publicado um capítulo novo. Depois de muita luta, e com a ajuda dos fãs, finalmente o livro foi publicado e caiu na grassa dos leitores. No dia 4 de Outubro de 2011, o romance de ficção fantástica LAGOENA estreava na internet em formato de série virtual no site BookSérie. Foi a primeira vez que o livro teve contato com os leitores.  No dia 22 de Maio de 2012 o site postou o último episódio de LAGOENA, foram 30 episódios completos. Nesse meio tempo a autora, Laísa Couto, esteve agindo no meio virtual, “batendo nas portas” dos blogs literários à procura de apoio, pedindo um pequeno espaço para que divulgassem esse projeto. Durante o final de 2011 e o ano de 2012 entrou contato com todos os blogs e sites literários que atuavam no mundo virtual na época. E o que tinha em mãos? Somente uma história e disposição para compartilhá-la com quem estivesse disposto a aceitar seu convite para essa aventura.
Aos poucos, uma galera bacana que atua na blogosfera foi aderindo à causa de divulgar LAGOENA na rede. O importante foi que o livro virtual pode teve o apoio e entusiasmado da maioria, que repetia como um mantra: “tomara que um dia vire livro”.
Então, depois de várias revisões, por uma profissional e depois mais uma a pedido de um aconselhamento editorial, LAGOENA finalmente virou livro!

“Nunca deseje o que por destino não pode ter. Tal desejo infecta a alma e traz consequências que o futuro não pode prever”.

Rheita perdeu os pais quando ainda era uma recém-nascida. Sua mãe faleceu e seu pai apenas sumiu, deixando os cuidados nas mãos de Gornef, seu pai. O velho joalheiro, com o auxilio de Adeliz, uma senhora doceira que tinha uma loja logo em frente a sua joalheria, passaram a cuidar da pequena Rheita, que tinha uma peculiaridade impar: todos os dias a menina chorava no mesmo horário. Certo dia, preocupado com a situação, Gornef chamou a velha senhora para ver, explicou a situação, dizendo que poderia existir algo de errado com a pequena criança, já que ela chorava todos os dias no mesmo horário. Mas o que descobriram em seguida mudou o rumo de suas vidas para sempre.
Rheita possuía em sua mão a marca do Guardião. Um “S”, como se fosse uma cicatriz e essa lenda, causo e até mesmo conto, percorria todo o Reino do Vinagre. A partir daquele instante, em que os dois descobriram a existência da marca na mão da garota, ficou decidido que ninguém poderia saber disso. Não era seguro.
O velho joalheiro encomendou vários e vários pares de luvas para que ninguém visse a marca e a pequena, a partir de então, não sairia de casa. Rheita cresceu acreditando que as pessoas não se sentiam bem em ver sua mão, que, segundo seu Avô dizia, era “deformada”, e isso causava certo desconforto. Sair de casa era fato raro, apenas em algumas comemorações e olhe lá. O máximo que Rheita já andou foi até a doceria em frente a joalheria de seu avô, e olhe lá.
Por conta disso, Gornef acabou abandonando sua profissão, cuidou única e exclusivamente de sua neta, e se enclausurou em casa. Adeliz então, em certo ponto, mostra ao velho que seria bom ele retomar sua vida como joalheiro e trazer de volta sua fama no reino todo. Colocar alguma coisa em sua mente o faria bem. De súbito ele resolve reabrir a joalheria e contratar um estagiário, para aprender o oficio. Todos que passaram pela entrevista não deixaram uma boa impressão e a cada dia que se passava o velho joalheiro, que passou anos de sua vida apenas comprando e vendendo ouro para se sustentar, desistia da ideia de voltar a produzir lindas joias. Eis que no último dia, assim que ele retira a placa da porta, um homem aparece, solicitando a vaga.
O joalheiro se impressionou com os conhecimentos do homem e resolveu dar-lhe uma chance. A joalheria, então, voltou a abrir... Mas em certo ponto, assim que o conheceu, Rheita percebeu que ele não era o que dizia ser. Ela sentia que o homem escondia algo, se dissimulava e que em vários momentos parecia estar procurando algo. Batia nas paredes, mexia nos livros, nos móveis. Rheita percebeu que o homem procurava a chave que levava ao quarto que um dia foi de sua mãe, que permanecia fechado desde que ela se conhecia por gente. Mal sabia o homem, que ela sabia onde a chave estava.
Rheita entendeu que, seja lá o que for que ele estivesse procurando, estaria dentro do quarto e assim que conseguiu passar despercebida, entrou e procurou. Achou uma caixa de jóias, um papel amassado e depois de um pequeno acidente envolvendo um anel e um alçapão, a garota encontrou um pedaço de pergaminho rasgado no meio. Ah meus queridos, é então que a história começa de verdade.
Já com o papel seguro e escondido em seu quarto, Rheita ainda imaginava o que será que Kaspar queria achar no quarto.
Gornef, incrivelmente, pede que a garota vá até o relojoeiro, no final da rua, levar seu tão precioso relógio de bolso, que parou de funcionar. No caminho, além de levar um tombo e dar de cara com um homem vestido com um sobretudo preto, Rheita acaba conhecendo seu primeiro amigo, Kiel, o filho do sapateiro. A partir dai, as coisas se encaixam e Rheita descobre que Kaspar na verdade esta procurando um mapa escondido na casa e que há muito mais coisa envolvida do que a ela garota imaginou...

“Tome apenas cuidado para não possuir aquilo que não for verdadeiro”.

Gente, primeiramente, esse pequeno resumo que fiz logo acima, diz respeito apenas até a página 60. Nem mesmo se eu quisesse eu conseguiria fazer um resumo do livro todo, que tem 271 páginas.
Rheita e Kiel acabam fugindo juntos para descobrir onde o mapa irá levar – e também porque Rheita ouviu Kaspar associar o mapa ao seu pai, que há muito estava sumido. O mapa primeiramente os leva até a uma árvore, que na verdade é um portal direto para uma terra desconhecida. Lagoena. É a partir dai que tudo começa realmente a rolar. A cada pista e novo lugar, o mapa solta uma charada que levará os meninos até o lugar certo.
Juntos eles descobrem que a missão é juntar as sete chaves que dão acesso ao Portal dos Desejos, que é um dos três tesouros perdidos de Lagoena. Fica difícil falar desse livro exatamente por isso, são sete chaves e a cada chave somos jogados em uma realidade diferente, em um ambiente diferente com personagens diferentes. Quando recebi o mapa – que veio junto com o livro – eu pensei “Nossa, que suvenir legal!”, mas não meu povo, que suvenir o que! Se não fosse esse mapa, com toda certeza eu ficaria meio perdido.
O mapa os leva em direção a cada uma das chaves. Eles são presos por anões, julgados e salvos por um mago de não sei quantos mil anos, são ajudados por um gigante, por um centauro, acolhidos por uma fada, esbofeteados por uma sereia, atacados por cavalos sem cabeça, plantas carnívoras, fantasmas, cobras de fogo... Gente, esse livro é uma viajem incrível ao país das maravilhas.
A autora, Laisa Couto, além de escrever muito bem e ter uma imaginação aflorada, soube introduzir de forma sutil e simples, personagens apaixonantes e diferentes. A escrita, que corre facilmente e se mostra bem rápida e precisa, faz com que tudo fique ainda melhor. Nos apaixonamos por cada detalhe intrínseco nos personagens. Abre-se na nossa frente um leque diversificados de criaturas mágicas encantadoras.
Pelo menos eu, no meu intimo, senti a presença de alguns aspectos folclóricos no enredo, como a cobra de fogo – boitatá -, o Guri de pés tortos – curupira -, sereias... Isso sem falar em referências. Pode ser que na realidade não tenha nada a ver, mas algumas cenas, alguns personagens, me lembraram muito de outras histórias já famosas. Como por exemplo, três cenas que me chamaram a atenção: A primeira foi a cena em que Rheita e Kiel são levados até uma mesa farta de comida e de animais falantes comendo e brigando, que me remeteu à Alice no pais das Maravilhas. A segunda é uma cena já no final do livro, em que os dois garotos se deparam com uma cena paralisada, e em volta, várias portas com os meses do ano. Na mesa, as pessoas pareciam ser estátuas, e havia uma fartança de comida... Lembrou-me bastante o Labirinto do Fauno. E a terceira, sem dúvidas, foi quando Zagut conta a história dos três tesouros perdidos de Lagoena, me fez a alusão aos Três Reis Magos, da bíblia.
Livros bons, são livros assim, que te remetem a algo e fazem você imaginar algo além daquilo tudo. Lagoena, uma terra que tinha tudo para ser mágica, linda e harmoniosa, tornou-se terra de ninguém, uma terra carregada de perigos. Amei percorrer os caminhos da terra de Aura, entender o que aconteceu para que ela se tornasse uma terra tão arisca. Amei acima de tudo ver o desenrolar das coisas, os desafios, os enigmas... Tudo se encaixa, tudo tem motivo! Mas ai a gente chega ao final...
[UM PEQUENO SPOILER] COMO ASSIM? O que acontece com Lagoena? Que pedido foi esse? Alguém me traz um copo de água? Confesso que o final me deixou #chateado. Eu, acima de tudo, queria saber como seria uma Lagoena boa, limpa, sem os agouros pelo qual passou. Mas não rolou. Eu realmente espero que haja um segundo volume, nem que seja um spin-off mostrando como Lagoena ficou.
Para vocês que pensam em embarcar nesta aventura, boa sorte, vocês vão se apaixonar assim como eu. Depois que lerem, passem por aqui e me contem tudo! ;)
41/50

Um comentário:

  1. Oi, Rafael,

    Obrigada pela acolhida mais uma vez aqui no blog. Fico realmente contente por ter apreciado a leitura, mesmo que já tenhamos conversado sobre suas perguntas em off, aviso aqui ao seus leitores, que muitas das suas indagações serão respondidas nos próximos livros.
    Obrigada pela atenção e apoio.
    Att.,
    Laísa Couto

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